segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A Hora vai chegar


Qual o momento certo de tirar a Máscara?

E Nem adianta fingir ser conservador(a) e dizer que nunca mentiu, que nunca fingiu, Já fingimos quase tudo nessa vida, desde o orgasmo ao amor.

Alguns casos vai além do fingimento, quando essa fase passa de ser apenas algo natural, transforma-se em falsidade extrema, e pouco tempo depois, parabéns, você se tornou um ator(atriz).

Quando a idade é pouco, é normal as máscaras, junto com isso vem os anseios de não saber quem é, ou o oposto, de saber quem é, e não ter coragem de viver sem a máscara no rosto. Mas o dia de tirá-la, chega para todos nós. Chega uma hora que essa máscara aperta, sufoca, chega o momento em que você cansa de agradar todo mundo, de perdoar todo mundo, chega uma hora que você grita e diz " Serei eu mesmo(a) " , e ai amigo(a) a vida se transforma, as coisas sem a máscara são mais dificeis, você perde sua proteção, sua armadura.

Eu usei vários tipos de máscara, seja a mais simples de apenas dizer " você é bonito(a) e no fundo achar a pessoa ridicula " , até a mais complicada que é fingir um sentimento, afim de obter algum prazer no momento.

Quando eu comecei a ser totalmente verdadeira, o mundo me assustou, me senti sendo a única pessoa sincera em meio a tantas que só dizem mentiras, que ficam traindo seus(suas) namorados(as), já fiquei bastante com pessoas que trocavam declarações de amor na frente da pessoa, e quando ela ia no banheiro ou algo do tipo, a pessoa pegava e ficava comigo, e o pior é que eu fingia que achava isso um máximo, um ato de coragem, mas no fundo eu sempre soube que era covardia.

Não venho aqui dizer que sou um anjo agora, minha personalidade é tão, tão forte que mesmo que eu quisesse, não conseguiria mudar nada em mim, não sou fã de mudanças. Mas posso dizer que hoje sou mais verdadeira comigo, não faço coisas só para agradar e até mesmo desagradar alguns, faço tudo por livre vontade, porque realmente quero.

Tirem suas máscaras, sorriam quando tiver vontade, mesmo que o momento não seja dos melhores, e também chorem se o momento for pesado e você não aguentar tantas emoções e tristezas. Se você ama, vá atrás do que quer, não se lamente e muito menos se conforme com pouca coisa, não se perca tentando ser quem você não é. Se odeia futebol ou novela, não assista, se gosta do Big Brother Brasil e odeia admitir isso, admita .. seja verdadeiro, pois a sinceridade é como uma janela aberta, é um sinal de que mesmo que você sofra, você está sendo você mesmo.


Patricia Gois

O Quebra- cabeça da vida


Por Martha Medeiros

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Tudo o que nos fez feliz ou infeliz,
serve pra montar o quebra-cabeça da nossa vida,
um quebra-cabeça de cem mil peças.

Aquela noite que você não conseguiu parar de chorar,
aquele dia que você ficou caminhando sem saber para onde ir,
aquele beijo cinematográfico que você recebeu,
aquela visita surpresa que ela lhe fez, o parto do seu filho,
a bronca do seu pai, a demissão injusta,
o acidente que lhe deixou cicatrizes,
tudo isso vai, aos pouquinhos, formando quem você é.
Não há nenhuma peça que não se encaixe.
Todas são aproveitáveis.
Como são muitas, você pode esquecer de algumas,
e a isso chamamos de "passou"...

Não passou!! Está lá dentro, meio perdida,
mas quando você menos esperar,
ela será necessária para você completar o jogo e se enxergar por inteiro."

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Ultimamente, me expresso com palavras de outras pessoas, na verdade tenho tanta coisa para dizer que acaba não saindo nada.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Os Excluídos


Por Martha Medeiros

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Ao contrário do que o título desta crônica possa sugerir, não vou falar sobre aqueles que vivem à margem da sociedade, sem trabalho, sem estudo e sem comida. Quero fazer uma homenagem aos excluídos emocionais, os que vivem sem alguém para dar as mãos no cinema, os que vivem sem alguém para telefonar no final do dia, os que vivem sem alguém com quem enroscar os pés embaixo do cobertor. São igualmente famintos, carentes de um toque no cabelo, de um olhar admirado, de um beijo longo, sem pressa pra acabar.

A maioria deles são solteiros, os sem-namorado. Os que não têm com quem dividir a conta, não têm com quem dividir os problemas, com quem viajar no final de semana. É impossível ser feliz sozinho? Não, é muito possível, se isso é um desejo genuíno, uma vontade real, uma escolha. Mas se é uma fatalidade ao avesso - o amor esqueceu de acontecer - aí não tem jeito: faz falta um ombro, faz falta um corpo.
E há aqueles que têm amante, marido, esposa, rolo, caso, ficante, namorado, e ainda assim é um excluído. Porque já ultrapassou a fronteira da excitação inicial, entrou pra zona de rebaixamento, onde todos os dias são iguais, todos os abraços, banais, todas as cenas, previsíveis. Não são infelizes e nem se sentem abandonados. Eles possuem um relacionamento constante, alguém para acompanhá-los nas reuniões familiares, alguém para apresentar para o patrão nas festas da empresa. Eles não estão sós, tecnicamente falando. Mas a expulsão do mundo dos apaixonados se deu há muito. Perderam a carteirinha de sócios. Não são mais bem-vindos ao clube.
Como é que se sabe que é um excluído? Vejamos: você passa por um casal que está se beijando na rua - não um beijinho qualquer, mas um beijo indecente como tem que ser, que torna tudo em volta irrelevante - você inclusive. Se lhe bate uma saudade de um tempo que parece ter sido vivido antes de Cristo, se você sente uma fisgada na virilha e tem a impressão que um beijo assim é algo que jamais se repetirá em sua vida, se de certa forma este beijo que você assistiu lhe parece um ato de violência - porque lhe dói - então você está fora de combate, é um excluído.
A boa notícia: você não é um sem trabalho, sem estudo e sem comida - é apenas um sem-paixão. Sua exclusão pode ser temporária, não precisa ser fatal. Menos ponderação, menos acomodação, e olha só você atualizando sua carteirinha. O clube segue de portas abertas.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Eu sei, mas não devia


Por Marina Colasanti

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A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Não me leve a Mal

Sentimentos intensos, entrega total, é assim que defino meu coração.

Não espere que eu seja meio termo, que ame um pouquinho, eu sempre amo de verdade, e corro todos os riscos. Mas se eu for fria, não me leve a mal.

Eu sinto, sinceramente me permito sentir todas as emoções e incertezas de quando se gosta realmente de alguém, costumo dizer que sou a moda antiga, escrevo cartas, mando flores, comemoro a data do início de namoro e essas coisinhas, mas as vezes não sou a melhor pessoa em DEMONSTRAR isso, de chegar lá e passar a certeza absoluta que sinto isso.

Eu não sei bem quando isso começou, eu só sei que tenho dificuldade em demonstrar sentimentos, acho que sempre tive, mas posso garantir que em todos os casos que falei " Eu te amo " , seja por palavras escritas, ou com a voz meio gaga, eu de fato amava, estava ali disposta a transformar a vida real em um conto de fadas.

Eu não tenho medo do fim, pois se essa hora chegar, nada poderá mudar, não existe nada pior que empurrar com a barriga um relacionamento já desgastado. Mas também não tenho medo do amor, como vi em um filme " É uma força que não pode ser parada. " , e eu acredito muito nisso, acredito em sentimentos verdadeiros, no fechar de olhos durante um beijo, beijo esse que pode nos levar para outro mundo, outra realidade.

Um dia falei que achava que o Beijo era mais intimo que o sexo, as pessoas se espantaram com minha opinião, talvez seja um pouco de hipocrisia junta, Afinal, ninguém quer sair admitindo que faz sexo sem sentir amor, ninguém admite seus desejos e vontades. Eu acho sim o sexo uma coisa intima, claro, mas e o beijo ... porque ele se tornou tão banalizado? porque as pessoas beijam com tanta facilidade assim? e quando fecham os olhos, pensam em que? O Beijo é a entrega, é quando por alguns minutos você está ligado a outra pessoa, quando os olhares se encontram com uma única finalidade .. O Beijo!

O Amor é isso tudo, é o beijo compartilhado com vontade, mas sem ansiedade, calmamente e leve, é o sexo que se torna o ato de comprovação de que você pertence a pessoa e ela a você, é a certeza de que antes você não tinha sentido tanta intimidade com alguém, ou que nunca foi tão bom assim. O Amor é as cartas escritas em momentos de saudade ou de alegria, O Amor também é a despedida, a despedida de um breve encontro, é quando o corpo fica longe, mas a alma fica tão perto. O Amor é quando você deita em sua cama e sabe que o outro também pensa em você, é quando você chora por achar que o perdeu, e também quando sorri novamente ao perceber que nunca se perde, apenas muda, e que você terá vários amores, e várias formas de amar.

E é através das palavras que eu espero ser compreendida sempre, não quero ser julgada por uma frieza de aparência, pois nem tudo aquilo que somos por fora, reflete o que somos por dentro. E Espero sempre manter dentro de mim, essa mesma esperança, e esse mesmo amor de sempre, mesmo que ele mude, mesmo que as pessoas sempre falem em despedida, eu quero manter no coração esses sentimentos bons, mesmo que sejam invisíveis.


Patricia Gois

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Paulie Oster

Filme - Lost And Delirious

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Paulie Oster (Piper Perabo) e Tory Moller (Jessica Paré), a primeira rebelde e idealista e a outra insegura e rica. Aos olhos dos outros Paulie e Tory são boas amigas, mas em seus corações elas são amantes ardentes. Apesar do espanto inicial, Mary, com seu jeito tímido, conquista a confiança das duas e se torna a única confidente do casal. Enquanto tenta se adaptar ao novo ambiente, Mary vê a dificuldade das amigas em lidar com alguns dos impasses do relacionamento, causados pelo preconceito de suas famílias e por suas profundas crises de identidade, principalmente quando Paulie e Tory são pegas na cama. Temendo uma reação contrária da família, Tory passa a ter uma relação heterossexual, para acalmar os ânimos. Além disto a própria Tory quer se convencer que é só amiga de Paulie, que não se conforma com esta situação pois a ama profundamente e não medirá conseqüências para ter de volta a pessoa que mais ama. Caberá a Mary tentar impedir que algo trágico aconteça.

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Vendo alguns vídeos no Youtube, me veio um sentimento de Nostalgia ao assistir o Trailer do filme " Lost And Delirious ".

Me fez refletir sobre meu passado, Por duas vezes já fui a personagem Paulie Oster na vida real, e em cada mínimo detalhe, menos no suicídio [ Ainda bem ]. Sempre fui muito intensa, rebelde e que acima de tudo não está nem ai para a opinião das pessoas.

Mas, os anos se passaram, e eu só tenho a dizer que, viver a Paulie Oster por duas vezes, já foi o bastante, não teria forças para passar por tudo isso outra vez ..

Relembrando ..

Lembro de um passado, um passado que nem é tão passado, mas que também não aconteceu ontem.

Lembro de quando contava as horas para chegar o final de semana, isso porque nunca fui fã de escola, então quando a sexta-feira chegava, era um alívio enorme, por uns 5 anos [ 1996-2001] eu poderia ser vista facilmente, com uma bicicleta, bola,com muitos meninos e meninas, eu tive uma infância realmente feliz, daquelas que a mãe sai de casa para te bater e te expulsar do video-game na frente de todo mundo.

Mas a gente cresce, é inevitável, e como me assustei nesse novo mundo, quando comecei a crescer, me isolei no meu quarto, é como se ele fosse minha proteção, nada poderia me atingir enquanto eu estivesse lá.

Passei por todas angustias e inseguranças que qualquer pessoa BV na vida passa, e ainda mais no meu caso, minhas amigas já namoravam e tudo mais, mas eu não queria, sei que poderia ter fingido algo que não sou, apenas para me adaptar, mas não quis isso, então não beijei qualquer um só porque minhas amigas haviam beijado.

Eu me pegava pensando em como seria esse tal do primeiro beijo, eu só sabia de uma coisa, não seria com um garoto, e acabou não sendo, pois não costumo fugir das minhas ideias e das minhas verdadeiras vontades. Meu primeiro beijo foi sem sal, assim como o da maioria das pessoas.

Eu queria que tivesse acontecido com uma menina que eu gostasse, tivesse carinho, mas sempre fui muito fechada, minha forma de me proteger, era não me abrir, acho que desde sempre eu não confiei nas pessoas, sempre fui muito desconfiada, sorte a minha.

Lembrei que até meus 17 anos, por mais que não demonstrasse, eu queria sentir algo por alguém, desde então achei que isso era apenas coisa desses filmes românticos que eu assistia, achei que no mundo real, eu não encontraria alguém.

Mas acabei encontrado alguém, na verdade, mais de uma pessoa, e posso dizer que em todos os casos os sentimentos eram iguais e diferentes. Posso ter me preciptado, posso não ter amado, não acho que o amor seja essa coisa sem graça de " Fim e seja feliz " e pronto, as pessoas se separam, se apaixonam e são felizes, acredito que isso seja paixão, então posso dizer que já me apaixonei por muitas pessoas nessa minha vida. Hoje sinto algo muito forte por alguém, me arrisco sim em dizer que é amor, se um dia eu olhar para trás e me enxergar hoje, e ter certeza de que não é, saberei admitir.

Na fase da adolescência e até meus 19 anos, sempre fui inacreditavelmente tímida e sozinha, a partir dos meus 12 anos, eu era sempre a excluida do grupo, a sensação de quando existia um trabalho em grupo na escola, era horrivel, eu sempre ficava com aqueles que também não tinham grupo, e as vezes até fazia isso sozinha, acho que a partir dai, meu lado frio, egoísta e de não demonstrar sentimentos, foi nascendo, pois não existe sentimento pior que solidão, e assim passaram uns 6 anos da minha vida, 6 anos em que minha única companhia era eu mesma, a única presença em meus aniversários, era minha mãe, meu pai e minha irmã, enquanto todo mundo me perguntava " Porque não chamou as amigas? " e eu respondia, não gosto de festa, quando na realidade a verdade é que eu não tinha amigas. Foi uma fase muito dificil da minha vida, e que mudou apenas no ano de 2009, quando viajei para Cruz das almas/ Ba , justamente porque enfim parecia que eu tinha descoberto o que era amizade.

Acho que as pessoas desse lugar, especialmente duas, nem se deram conta até hoje, de quanto aqueles momentos eram inéditos em minha vida, e das vezes que pensei antes de dormir , sobre a sorte de ter encontrado verdadeiras amizades e ligações. Também não tiveram noção do quanto me machucaram quando desconfiaram de mim, e imaginaram algo que eu não sou, um desconhecido pensando o que quiser de mim, eu não me importo, mas com amigos, a coisa é diferente, e só eu sei o quanto fui verdadeira e tão eu, posso sim ter errado muito, mas o erro faz parte da pessoa que fui e que sou. Não sei se alguém de Cruz das almas lê meu blog hoje em dia, mas caso leiam, saibam que conhecê-los, foi o pontapé inicial para me abrir para a vida e sair do meu quarto, de fechar essa porta sem medo de sofrer.

Hoje meus anseios e incertezas são outros, não sei como tudo vai acabar, mas como diria Martha Medeiros, UM DIA SEREI UMA VELHA COM CARA DE MALVADA, me pergunto como irei agir no futuro, me pergunto se assim como meus pais, eu vou afastar meus filhos das pessoas que eles gostam, apenas porque eu acho que isso é o melhor para eles, me pergunto se olharei o amor com os mesmos olhos, ou se estarei amargurada afirmando por ai que isso não existe, me pergunto se nessas futuras etapas, eu estarei com alguém, ou se todas as pessoas que passaram pela minha vida vão seguir rumos opostos, eu só sei que UM DIA SEREI UMA VELHA COM CARA DE MALVADA.

E ao me verem nas ruas, na padaria comprando pão, o que irão pensar de mim? com certeza vão se questionar se fui feliz, meu olhar, que estará mudado devido ao tempo, não vai mais me entregar assim, e meu corpo desgastado com o passar dos anos, não conseguirá passar nenhum sinal, além de cansaço.

Um dia serei uma velha com cara de malvada, e não sei se nesse dia, ainda olharei o ceu que é tão lindo a noite, não sei se terei forças para escrever, e emoções para sentir, a única coisa que sei é que as pessoas que me colocaram no mundo e me ensinaram tantas e tantas coisas, não vão estar mais comigo, e eu vou me entupir de remorso pensando em quantas coisas poderiam ser diferentes e não foram.

Um dia serei uma velha com cara de malvada, e talvez possa enxergar que no mundo atual, o relacionamento homossexual não assusta, ou então enxergarei o mesmo preconceito e hipocrisia que já existem, talvez nem me importe com isso, minha vontade de dormir será maior do que minha vontade de lutar.

Um dia serei uma velha com cara de malvada, e olharei meus filhos e direi : Hoje tenho cara de malvada, sou velha, e cansada, mas há alguns anos atrás, senti as mesmas emoções e vontade de viver que vocês sentem agora, Sejam Felizes!

Patricia Gois

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Faz de Conta

Não respondo teus e-mails, e quando respondo sou ríspido, distante, mantenho-me alheio: FAZ DE CONTA QUE EU TE ODEIO

Te encho de palavras carinhosas, não economizo elogios, me surpreendo de tanto afeto que consigo inventar, sou uma atriz, sou do ramo: FAZ DE CONTA QUE EU TE AMO.

Estou sempre olhando pro relógio, sempre enaltecendo os planos que eu tinha e que os outros boicotaram, sempre reclamando que os outros fazem tudo errado: FAZ DE CONTA QUE EU DOU CONTA DO RECADO.

Debocho de festas e de roupas glamurosas, não entendo como é que alguém consegue dormir tarde todas as noites, convidados permanentes para baladas na área vip do inferno: FAZ DE CONTA QUE EU NÃO QUERO.

Choro ao assistir o telejornal, lamento a dor dos outros e passo noites em claro tentando entender corrupções, descasos, tudo o que demonstra o quanto foi desperdiçado meu voto:FAZ DE CONTA QUE EU ME IMPORTO.

Digo que perdôo, ofereço cafezinho, lembro dos bons momentos, digo que os ruins ficaram no passado, que já não lembro de nada, pessoas maduras sabem que toda mágoa é peso morto: FAZ DE CONTA QUE EU NÃO SOFRO.

Cito Aristóteles e Platão, aplaudo ferros retorcidos em galerias de arte, leio poesia concreta, compro telas abstratas, fico fascinada com um arranjo techno para uma música clássica e assisto sem legenda o mais recente filme romeno: FAZ DE CONTA QUE EU ENTENDO.

Tenho todos os ingredientes para um sanduíche inesquecível, a porta da geladeira está lotada de imãs de tele-entrega, mantenho um bar razoavelmente abastecido, um pouco de sal e pimenta na despensa e o fogão tem oito anos mas parece zerinho: FAZ DE CONTA QUE EU COZINHO.

Bem-vindo à Disney, o mundo da fantasia, qual é o seu papel? Você pode ser um fantasma que atravessa paredes, ser anão ou ser gigante, um menino prodígio que decorou bem o texto, a criança ingênua que confiou na bruxa, uma sex symbol a espera do seu cowboy:FAZ DE CONTA QUE NÃO DÓI.

Martha Medeiros

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Um pouco de mim, que fica por ai ...


Acho que por mais que existam fases em que a gente diga " Não preciso de ninguém, sou feliz só ", com o passar do tempo, quando as cicatrizes não machucarem, podemos admitir que sim, é bom gostar de alguém, não existe sensação pior do que se sentir só até em pensamento, fechar os olhos e não ter ninguém ali no seu pensamento, o vazio sem dúvida alguma é horrivel, Alguns jamais vão admitir isso, principalmente os orgulhosos, aqueles que levantam a bandeira de " Sozinho sempre ", mas nunca enganamos a nós mesmos, e eu sei que no fim do dia, quando o cansaço da rotina bater e a solidão apertar, todos nós vamos sentir falta de ter sentimentos.

Analisando meu momento atual, percebi que sou feita de pedaços, que deixo um pedaço meu em todos aqueles que já passaram na minha vida. Para a primeira pessoa que me apaixonei, deixei minha inocência, minha insegurança diante de momentos que eram desconhecidos, deixei também a lembrança de momentos puros, como deitar na areia da praia e fazer planos. Para algumas deixei minha paixão, louca, quente, a inconsequência de atos não pensados, e sim sentidos, deixei também o rádio ligado em músicas que se encaixaram tão bem em alguns momentos, para algumas deixei meu beijo, minhas promessas, minhas lágrimas, para outras deixei a solidão, a amargura de não corresponder o que sentiam por mim.

E na vida somos assim, deixamos nossos pedaços em algum canto, pois veja bem, nada se repete da mesma forma duas vezes, então vamos mudando, os sentimentos são sentimentos, mas vão mudando ao longo do tempo. Então é importante escolher o pedaço a ser deixado, se escolher deixar um pedaço bom, de amor e carinho, mesmo que no futuro não o sinta da mesma maneira, vai deixar boas lembranças a quem o recebeu .. Mas se deixares um pedaço ruim de egoísmo e traição, deixará traumas profundos na outra pessoa, e essa a partir dai, roubará todos os pedaços dela que um dia foram deixados com você.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Trechos do Livro Fora de Mim - Parte 2 -

Gente, me apaixonei demais por esse livro, não sei dormir sem antes ler um pouco, e ontem, na minha leitura, essas partes chamaram minha atenção, e vim aqui compartilhar com vocês esse trecho do melhor livro que já li, - Martha Medeiros -> Fora de Mim <-

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Eu sabia que terminaríamos, eu sabia que era uma viagem sem destino, sabia desde o início e não sabia, não sabia que doeria tanto, que era tanto, que era muito mais do que se pode saber, ninguém pode saber um amor, entender um amor, tanto que terminou sem muito discurso, foi uma noite em que você quase pediu, me deixe.

Ora, pra que me enganar: você realmente pediu, sem pronunciar palavra, você vinha pedindo, me deixe, olhe o jeito que te trato, repare em como não te quero mais, me deixe, e eu, de repente, naquela noite que poderia ter sido amena, me vi desistindo de um jantar e de nós dois em menos de dez minutos, a decisão mais rápida da minha vida, e a mais longa, começou a ser amadurecida desde o dia em que falei com você pela primeira vez, desde uma tarde em que ainda nem tínhamos iniciado nada e eu já amadurecia o fim, e assim foi durante os dois anos em que estivemos tão juntos e tão separados, eu em constante estado de paixão e luto, me preparando para o amor e a dor ao mesmo tempo, achando que isso era maturidade.
Que idiota eu sou, o que é que amadureci?



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Nada, nem a mim mesma, jamais deixei de ter 10 anos, nem quando tive 30, nem quando fiz 40. Nunca tive idade, ela de nada me serviu, ser lúcida sempre foi apenas uma maneira de parecer elegante, uma estratégia para a convivência.

Você lembra como eu chorei aquela noite, lembra do fim, você não pode ter esquecido aquela cena, entramos em casa sem acender as luzes, você olhando para fora da janela enquanto eu derramava toda a minha frustração e meu desespero, como se a culpa fosse minha e não sua, ou fosse sua e não minha, como se existisse culpa para o término de um relacionamento que simplesmente não tinha mais combustível, nem mais estrada.

Faz quanto tempo desde aquela cena? Eu consigo enxergá-la por vários ângulos, vejo você de costas pra mim, parecia um soldado, tão ereto, em vigília de si mesmo, querendo saltar do terceiro andar, sair sem precisar passar pela porta, sem passar pelo adeus, e eu, curvada, amparada em algum móvel, demolida, e então, na cena seguinte, nós de frente um para o outro, mas com as cabeças abaixadas, você não queria ver meu rosto, e eu estava espantada com o seu, tão sereno, aliviado, quanto tempo faz, 15 minutos, vinte minutos desde que você saiu aqui de casa? Eu ainda estava quieta agora há pouco, eu ainda estava sem pensar e sem sentir, de repente me deu uma calma, nenhuma desgraça aconteceu, você desceu pelas escadas, eu fechei a porta do apartamento e não chorei mais, eu vi pela janela o seu carro saindo da garagem e não chorei, eu fui para o banheiro escovar os dentes, acho que escovei os dentes, não lembro, e botei uma camisola e fui pra cama e não chorei, não pensei, não senti, não chorei, entendi, não entendi, não pensei, não sei, acho que dormi.

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Você não ligaria no dia seguinte, era domingo, fui até a cozinha lavar a louça, mas não havia louça para lavar, o combinado era jantarmos fora na noite anterior, não jantamos, ninguém se alimentou, quanto tempo faz desde aquela noite, parece um século, foi ontem. Decidi seguir a rotina: o que eu fazia aos domingos de manhã?

Eu caminhava, eu ia ao parque, então caminharei, mas falta você, coloquei o tênis, saí a pé de casa, falta você e não falta, o estrondo está diminuindo, o barulho cessou, será que eu já percebo o acidente? Dou uma volta no parque, duas voltas, três voltas, você não virá aqui me ver? Volto. Telefono pra minha mãe, não telefono pra você, conto pra ela que acabamos, meu relato é muito coerente, ela lamenta mais ou menos, já ouviu eu contar essa história antes, somos reincidentes em finais, mas agora é pra valer, quem me acredita? Eu não me acredito, mas agora não te quero mesmo, e eu já ouvi isso antes, de você, de mim, agora não tem mais volta – dei tantas voltas no parque, é tão ridículo caminhar pra lugar nenhum, para quem vou ficar magra e saudável? E voltei a dizer: não, mãe, acabou de verdade, e pela primeira vez reparei em minha voz tremida, pela primeira vez naquele domingo eu fraquejei, as palavras saíram entrecortadas, eu catava as sílabas que me fugiam, e ela do outro lado da linha fingia que não doía nela também.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Para Refletir


Conta uma lenda dos índios sioux que, certa vez, Touro Bravo e Nuvem
Azul chegaram de mãos dadas à tenda do velho feiticeiro da tribo e
pediram:

* Nós nos amamos e vamos nos casar. Mas nos amamos tanto que queremos um
conselho que nos garanta ficar sempre juntos, que nos assegure estar um ao
lado do outro até a morte. Há algo que possamos fazer?

E o velho, emocionado ao vê-los tão jovens, tão apaixonados e tão ansiosos
por uma palavra, disse:

* Há o que possa ser feito, ainda que sejam tarefas muito
difíceis.Tu, Nuvem Azul, deves escalar o monte ao norte da aldeia apenas
com uma rede, caçar o falcão mais vigoroso e trazê-lo aqui, com vida, até
o terceiro dia depois da lua cheia. E tu, Touro Bravo, deves escalar a
montanha do trono; lá em cima, encontrarás a mais brava de todas
as águias.

Somente com uma rede deverás apanhá-la, trazendo-a para mim viva!
Os jovens se abraçaram com ternura e logo partiram para cumprir a missão.
No dia estabelecido, na frente da tenda do feiticeiro, os dois esperavam
com as aves. O velho tirou-as dos sacos e constatou
que eram verdadeiramente formosos exemplares dos animais que ele
tinha pedido.

* E agora, o que faremos? Os jovens perguntaram.

* Peguem as aves e amarrem uma à outra pelos pés com essas fitas de couro.
Quando estiverem amarradas, soltem-nas para que voem livres. Eles fizeram
o que lhes foi ordenado e soltaram os pássaros.

A águia e o falcão tentaram voar, mas conseguiram apenas saltar
pelo terreno. Minutos depois, irritadas pela impossibilidade do vôo, as
aves arremessaram-se uma contra a outra, bicando-se até se machucar.

Então o velho disse:

* Jamais esqueçam do que estão vendo, esse é o meu conselho. Vocês
são como a águia e o falcão. Se estiverem amarrados um ao outro, ainda que
por amor, não só viverão arrastando-se, como também, cedo ou
tarde, começarão a machucar um ao outro. Se quiserem que o amor entre
vocês perdure, voem juntos, mas jamais amarrados. Libere a pessoa que você
ama para que ela possa voar com as próprias asas. Essa é uma verdade
no casamento e também nas relações familiares, de amizade e profissionais.
Respeite o direito das pessoas de voar rumo ao sonho delas.

A lição principal é saber que somente livres as pessoas são capazes de
amar.



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08/02/2011 fim e recomeço, pois como sempre digo, para todo recomeço, existe um fim. Na verdade, adoro recomeçar. =)

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Sinceridade.

Eu ando pelo mundo consumindo emoções . Sou como um morto vivificado pela bondosa ilusão de finais felizes construídos milindrosamente por mim mesma. Sou um animal de olfato apurado, feroz em quanto à minha fome, veloz e suave quanto à minha presa, sagaz e prudente quanto a perseguí-la.

Todos nós temos um pouco da morte e um pouco da vida, um pouco da morte quando perdemos a esperança, acreditem, é ela que nos deixam em pé, afinal sempre desejamos mais, talvez essa espera seja infantilidade nossa, essa mania de não se conformar com o que tem ou querer algo que não podemos ter, é um erro absurdo, mas que mesmo assim o cometemos, mesmo sem querer.

Já a vida que existe na gente, é uma mistura de esperança e realidade, é quando sentimos um frio na barriga ou pensamos em algo bom e não conseguimos dormir. O Pouco da vida, está nos amores, nos grandes Amores que encontramos no presente e que vamos encontrar no futuro, é ter saúde e maturidade de correr atrás daquilo que é possivel de se ter.

Eu tenho tantas coisas dentro de mim, mas acho que a definição de vida e morte me resume bem. Hoje estou mais para a vida e não para esperança, quero novos amores e sabores, quero perder o sono pensando em coisas boas, mas não quero fazer disso uma esperança, pois assim como uma borboleta que voa, ela pode ir para longe enquanto eu estiver de braços abertos esperando-a.

A Única coisa que me irrita, é a falta de respeito, posso não ser igual a você [ e em alguns casos, morro de felicidade por ser diferente mesmo ] Mas com certeza temos os mesmos direitos, as mesmas esperanças e ilusões, penso que todos nós somos um, mesmo que de maneira diferente. É isso, tento ao máximo matar sentimentos ruins, principalmente quando saio da fase de " morte " e volto a vida, Afinal quem tem medo de viver, nem deveria estar por aqui.

Trechos do Livro - Fora de Mim -


Por Martha Medeiros

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"Um dia serei uma velha com cara de malvada, mas por enquanto ainda estou sintonizada com a menina inocente dos retratos do colégio, que não acreditava que os sentimentos precisassem de tantas conexões"

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"...é a pior morte , a do amor. Porque a morte de uma pessoa é o fim estabilizado, é o retorno para o nada, uma definição que ninguém questiona. A morte de um amor ,ao contrario, é viva. O rompimento mantém todos respirando: eu, você, a dor, a saudade, a magoa, o desprezo-tudo segue. E ao mesmo tempo não existe mais o que existia antes..."

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Não consigo imaginar nada mais satisfatório do que amar, e mesmo não sabendo o que o amor significa, sei o que representa. É o que nos faz, no meio de uma multidão, destacar alguém que se torna essencial para nosso bem-estar, e o nosso para o dele. É receber uma atenção exclusiva e oferta-la na mesma medida. Ter uma intimidade milagrosa com a alma de alguém, com o corpo de alguém, e abrir-se para essa mesma pessoa de um jeito que não se conseguiria jamais abrir para si mesmo, porque só o outro é que tem a chave desse cofre. O amor é uma subversão, e seu vigor nunca será encontrado em amizades ou parentescos. Todas as palavras já foram usadas para defini-lo: magia, surpresa, visceralidade, entrega, completude, requinte, deslumbre, sorte, conforto, poesia, aposta, amasso, gozo.
Amar prescinde de entendimento. Por isso não sei amar, porque sou viciada em entender.

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Estou lendo essa obra maravilhosa de Martha Medeiros, e cada vez mais, me sinto viciada em tudo que diz respeito a ela, Indico o livro " Fora de mim ", é o melhor que li até hoje.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

A Voz do Silêncio e Amores Apertados

Por Martha Medeiros

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Pior do que a voz que cala,
é um silêncio que fala.

Simples, rápido! E quanta força!

Imediatamente me veio à cabeça situações
em que o silêncio me disse verdades terríveis,
pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades.
Um telefone mudo. Um e-mail que não chega.
Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca.

Silêncios que falam sobre desinteresse,
esquecimento, recusas.

Quantas coisas são ditas na quietude,
depois de uma discussão.
O perdão não vem, nem um beijo,
nem uma gargalhada
para acabar com o clima de tensão.

Só ele permanece imutável,
o silêncio, a ante-sala do fim.

É mil vezes preferível uma voz que diga coisas
que a gente não quer ouvir,
pois ao menos as palavras que são ditas
indicam uma tentativa de entendimento.

Cordas vocais em funcionamento
articulam argumentos,
expõem suas queixas, jogam limpo.
Já o silêncio arquiteta planos
que não são compartilhados.
Quando nada é dito, nada fica combinado.

Quantas vezes, numa discussão histérica,
ouvimos um dos dois gritar:
"Diz alguma coisa, mas não fica
aí parado me olhando!"

É o silêncio de um, mandando más notícias
para o desespero do outro.

É claro que há muitas situações
em que o silêncio é bem-vindo.
Para um cara que trabalha
com uma britadeira na rua,
o silêncio é um bálsamo.
Para a professora de uma creche,
o silêncio é um presente.
Para os seguranças de um show de rock,
o silêncio é um sonho.

Mesmo no amor,
quando a relação é sólida e madura,
o silêncio a dois não incomoda,
pois é o silêncio da paz.

O único silêncio que perturba,
é aquele que fala.

E fala alto.

É quando ninguém bate à nossa porta,
não há emails na caixa de entrada
não há recados na secretária eletrônica
e mesmo assim, você entende a mensagem.


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Sabe aqueles banheiros mínimos, que quando um entra o outro tem que sair? Tem amores que parecem um banheiro apertado: só cabe um.
Ela ama o cara. Interessa-se pela sua vida, seu trabalho, seus estudos, seu esporte, seus amigos, sua família, enfim, ela está inteira na dele.
Ele, por sua vez, recebe isso de muito bom grado mas não retribui.
Não pergunta pelo trabalho dela, pelas angústias dela, por nada que lhe diga respeito.
Ela, obviamente, não gosta desta situação, mas vai levando, levando, levando, até
que um belo dia sua paciência se esgota e ela tira o time de campo. Aí ele entra.
De repente, como num passe de mágica, ele se dá conta de como ela é legal, de como ele tem sido distante, de como vai ser duro ficar sem a sua menina.
Então ele a torpedeia com e-mails e telefonemas carinhosos.
Mas ela é gata escaldada, não vai entrar nessa de novo.
Ele insiste. Quer vê-la, quer que ela entenda que ele é desse jeito tosco mesmo, mas que no fundo ela é a mulher da vida dele.
Ela é gata escaldada mas não é de gelo: então tá, vamos tentar de novo.
Ela entra com tudo.
Com a namorada resgatada, ele se isola novamente em seu próprio mundo, deixando-a conduzir tudo sozinha.
É ela quem o procura, é ela que o elogia, é ela que arma os programas, é ela que lembra das datas, é ela, tudo ela, só ela.
Quer saber: tô fora!
Aí ele entra. Pô, gata, prometo, juro, ó: vou cobrir você de carinho.
E não é que ele cumpre?
Passa a tratá-la como uma deusa, superatencioso, parece outro homem.
Ela aceita a deferência, mas não entra mais nesse jogo. Simplesmente não retribui o afeto dele, quase nunca telefona, sai com as amigas toda hora, e ele ali, no maior esforço.
Ela esnobando, ele tentando, ela se fazendo, ele se declarando. Até que ele enche: tô fora.
Aí ela entra. E ele esfria, e ela cai fora, e ele volta, e seguem neste entra-e-sai até o desgaste total.
Bom mesmo é amor em que cabem os dois juntos.

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Estou muito viciada em textos e frases de Martha Medeiros, Conheci as obras dela a pouco tempo e já me apaixonei. É Bom saber que quando minhas palavras fugirem de mim, é só eu buscar algo de Martha Medeiros, e pronto, resolvido o problema.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Conselhos de Mãe

Hoje, de uma maneira muito explosiva, me peguei pensando sobre isso, sobre tudo que minha mãe já me avisou e me aconselhou durante a minha vida. Ela sempre se preocupou com minhas relações, assim como toda mãe faz, talvez ela tenha exagerado em algumas coisas, ela sempre foi muito dura e fria comigo nesse aspecto, sempre me dizia que ninguém gostava de mim de verdade, e que tudo era coisa de momento, na época, não dei bola para isso, mas hoje analisando minha vida, minha mãe estava certa o tempo todo.

Primeiro porque não tenho uma relação forte com ninguém, tenho amigos(as) sim, mas tenho certeza que nenhum sente tanto minha falta assim, sou alguém substituível. Minhas relações são tão ruins, que quando um namoro meu acaba, a pessoa nem se torna minha amiga, vive perfeitamente sem mim. De vez em quando, seja pessoalmente ou até mesmo na internet, passo por situações onde pessoas que um dia me envolvi, nem se lembram mais de mim, acho que deixou de ser o ato de ignorar, e sim de esquecimento mesmo, com todas foram assim.

Se não bastasse essa conclusão a que cheguei, hoje descubro também que um amigo do passado, na verdade nunca prestou, já tem vários homicidios nas costas, e o último foi descoberto e ele está preso. Meu mundo caiu ao ver a foto deste rapaz no site da Polícia aqui da cidade, lembrei de momentos, Em 2009 eu estava namorando com alguém que eu não gostava, e que era amiga dele, eu sempre desabafava com ele sobre isso, e ele sempre me apoiava, estava ao meu lado, pensei mesmo que ele era meu amigo, nosso distanciamento ocorreu quando deixei a amiga dele, e me envolvi com outra pessoa. Desde 2009, eu não tinha mais noticias dele.

Analisando todas essas decepções, não existe nada pior do que pensar que conhece alguém, acreditar na pessoa, e descobrir da pior forma possivel que as coisas não eram bem assim, e não digo isso apenas por ele, e sim por todo conjunto. Eu já fui decepcionada das piores maneiras que alguém pode ser, e é ai que deito na minha cama, penso, e digo baixinho " É Mãe, você tem razão ".

Hoje penso em voltar para a minha caixa, e ser aquela mesma pessoa fria de 2006, mas caso a caixa não exista mais, serei isso na vida real. Chega de relacionamentos sem retornos.