quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Minhas para noias


Desde pequena fui adepta a escolher aquilo que a princípio me prejudicava, fui a criança que comia doces enquanto a mãe insistia em dizer que fazia mal, fui a adolescente rebelde que fugia escondido de casa quando a mãe dizia que era perigoso e sou a jovem que, por vezes, ainda teima em escolher errado as coisas.

Acredito que todos nós temos um ponto fraco na vida, algo que em determinado tempo foi uma escolha errada que puff... tornou-se de fato uma pedra no sapato constante, o meu ponto fraco sempre foi os meus relacionamentos, e isso desde o primeiro, fui bastante precoce nessas coisas e hoje bate um arrependimento de ter me jogado tão cedo em coisas que acabam deixando uma marca, seja ela positiva ou não.

Até os meus 16/17 anos eu era uma pessoa diferente, tinha muito ar de inocência apesar da minha personalidade ser forte desde muito nova, mas eu era inocente e acreditava nas boas intenções e palavras, não pensei que pessoas próximas mentiam por exemplo, e que inocência essa minha não é mesmo? elas mentem, nesse exato momento você que está lendo provavelmente disse ou escutou uma mentira recentemente, mas esqueceram de me avisar que a vida teria esses riscos, lembro que quando comecei a sair de casa a única coisa que eu ouvia era um " tenha cuidado ", sempre pensei que o cuidado tinha a ver com a estrada, com o perigo das ruas, mas o meu maior desafio e inimigos estava presente nas pessoas.

Sempre tive azar em qualquer relacionamento que eu me metia, o pior e mais traumático acabou sendo o primeiro, eram tantas mentiras e traições e o principal: a sensação de ser diminuída a ponto de ter um relacionamento em total sigilo por vergonha das pessoas, não foi fácil mas me fez um bem danado quando chegou ao fim, tirei um peso literalmente das minhas costas, mas ficou ali o gosto amargo de tudo de ruim que aconteceu, foi ali que aprendi um pouco como as pessoas seriam mesmo capazes de enganar e mentir, mas pensei: Ora, foi azar momentâneo, nem todas as pessoas são iguais, e realmente não foram, em meados de 2009 conheci alguém que me conquistou ponto a ponto por sua sinceridade, com ela pude esquecer a maldade anterior, esqueci as mentiras e foi um relacionamento que me marcou não pelo amor forte que existiu, até porque não foi amor, foi uma aventura misturada com bons sentimentos, e esses bons sentimentos afastaram de mim todas as mentiras anteriores, mas não por muito tempo, passei dois anos da minha vida refletindo e buscando um aprimoramento pessoal, acredito que de 2009 a 2011 eu "subi" na vida, conquistei muitas coisas, adquiri uma necessária ambição de crescer, de estudar mesmo.

Mas dizem que ninguém é feliz sozinho, não é? hoje discordo, mas antigamente acreditei nessa teoria e fui para o meu terceiro relacionamento entre 2006 a 2011, por essa tive uma paixão desmedida, doentia mesmo, ela me levou ao fundo do poço com sua aparência relativamente frágil, porém com toda sua personalidade obscura bem guardada, com ela vivi meu primeiro relacionamento duplo, ela era a minha namorada e namorava também um rapaz (mas não sabíamos disso, obviamente), de início fui muito inocente acreditando que estava vivendo uma história bacana, quando no fundo nem sei o que fui, já que tenho plena noção de que não signifiquei nada, e foram tantas traições e mentiras que quando definitivamente me afastei eu cai num poço cavado por mim, pude perceber claramente ali que o problema estava em mim, essas rejeições, essas mentiras e traições poderiam cair duas vezes numa mesma pessoa sem ser ela a responsável? até hoje penso que não, vivi a fase mais insana da minha vida nessa época, logo em 2011 pratiquei algo que jamais tinha feito antes: Eu menti também, usei uma pessoa e a conquistei com palavras fáceis e sentimentos que não existiam, como também já tinham feito comigo antes, me achava no direito de revidar isso, e sei que causei um certo estrago, um casamento se acabou com meu empurrãozinho enquanto no fundo no fundo eu não sentia nada pela pessoa, ainda que minha boca falasse coisas diferentes, de início achei divertido ter uma pessoa ali nas minhas mãos, agora poderia entender o prazer que sentiam comigo ao me enganar, mas a diversão logo acabou e em menos de um mês comecei a me sentir culpada e a culpa me venceu e dei um fim a essa brincadeira antes que eu também empurrasse a pessoa para um poço como eu mesma estava.

Acredito totalmente que em 2011/2012 vivi os dois piores anos nesse aspecto, me sentia tão estúpida e idiota por ter sido enganada e traída, essa sensação só aliviava quando eu me jogava em alguma balada e bebia, conheci todo tipo de gente, especialmente aquelas que não lembro nem o nome e só me dou conta quando acabo vendo na rua ou em algum lugar e penso " poxa, fiquei com essa, que merda", não me arrependo da maneira que busquei para me livrar dessa péssima experiência de relacionamento, me sentia com poder quando eu mesma ditava a ordem das coisas e dos acontecimentos, quando as pessoas me procuravam e não o contrário, de 2013 para cá tenho vivido coisas diferentes e sem dúvida alguma mais calmas, mas experiências anteriores e infelizmente até atuais me colocam numa velha questão: Confiar ou não confiar? e se minhas paranoias sempre fizerem sentido? hoje ainda tenho receio de ser a criança que desobedecia a mãe e comia algo prejudicial a saúde, tenho receio de ser a adolescente que fugia de casa ser ter noção do que é perigo de verdade, infelizmente os meus traumas pessoais com relação a mentiras no geral permanecem em mim, é como se estivessem ali no fundo, soltando para fora no mínimo de alerta que possa aparecer com algo.

Hoje percebo o quanto as minhas escolhas erradas do passado afetaram a minha vida no presente, me tornei uma pessoa desconfiada e extremamente exigente, e acima de tudo não sei se a porta que abro é a correta, será que a vida é realmente essa imensidão de escolhas erradas? ... VEREMOS...