domingo, 6 de janeiro de 2013

Saindo do armário...


Eis uma fase que é capaz de assustar qualquer um, sair do armário é se deslocar de algo aparentemente protegido, é uma mudança que apesar de necessária, nem sempre torna-se hábito para todos, alguns ainda optam pela velha mania de viver dentro do armário.

Eu tenho que admitir que, embora eu entenda do assunto, eu nunca passei por uma fase assim, fui " prematura " em vários aspectos da minha vida, antes mesmo que eu pudesse me questionar e refletir sobre o assunto, o destino de uma maneira cômica e trágica me colocava diante de todas as situações que não permitiam um meio termo. Hoje eu vejo claramente que tudo aconteceu no tempo certo, agora com 23 anos eu não teria mais a mesma força de assumir e até de ser meio inconsequente as vezes, hoje considero-me tranquila até demais, tenho plena convicção de que não estar presa no armário é o mesmo que ter uma liberdade absoluta, até porque a liberdade não ofende, ofensa mesmo é não se permitir.

Eu já conheci e já vi vários tipos de pessoas, algumas pessoas se iludem e acham que isso de ser homossexual é simplesmente uma modinha, passível de acontecer com qualquer um, eu discordo completamente, obviamente que infelizmente existe sim uma modinha por trás disso tudo, a curiosidade faz parte do ser humano, ainda que ela esteja ligada ao sexo ou simplesmente um beijo com alguém do mesmo sexo, não é proibido entregar-se às curiosidades, tudo que nos satisfaz e nos completa, é algo que só vem a nos acrescentar como pessoa, nossas experiências nos formam.

A fase de sair do armário nem sempre é bem interpretada por quem passa, acredito eu que deve ser bastante confuso para quem vive isso na pele, vejo pessoas que se questionam a todo tempo por isso, e se a atração pelo mesmo sexo só for com uma única pessoa? existe sim esta possibilidade, nem sempre duas pessoas do mesmo sexo juntas são homossexuais, e muito menos confusas ou curiosas, sentimentos e vontade de estar junto acontecem independentemente dos rótulos que aparecem, então o primeiro mistério a ser resolvido é este, nem sempre as aparências ou o sentimento por uma única pessoa do mesmo sexo irá significar que você esteve ou está dentro do armário.

Estar no armário é sentir uma pontinha de preocupação e certeza sobre o que se quer, curiosidade não surge da noite para o dia, pessoas que ainda não se descobriram levam consigo um pensamento e uma dúvida, ainda que isso não interfira na vida, mas, será sempre uma pergunta interna que não some. Existem pessoas que por mais que saibam que gostam e que querem, não se permitem, as vezes nem sequer deixam transparecer os pensamentos que tem, pessoas assim, em sua maioria, serão um pouco frustradas em qualquer aspecto que seja, acho que no fundo o que todos nós queremos quando alguma dúvida aparece é vivê-la, ver no que vai dar, ainda que não seja nada, a partir do momento que isto é sufocado, a vontade interna de ter vivido aquilo será uma frustração no futuro, ou presente.

Outro fato que me chama atenção são os casamentos que terminam justamente pela frustração de um passado não vivido, é de simples entendimento, casamentos terminam e de repente a mulher namora com outra mulher, assim, assustadoramente para aqueles que nem imaginavam, já perdi as contas de quantas vezes ouvi o termo " ela virou lésbica ", não caros leitores, ninguém vira lésbica ou gay, o que acontece é que chega um determinado tempo que isso vem a tona, simplesmente isso, por isso acho fundamental que todas as dúvidas e experiências sejam vividas, evitará um futuro conturbado. Ainda que as certezas machuquem, as incertezas são muito piores, é como jogar uma poeira para debaixo do sofá, aparentemente ela pode até sumir, mas basta que algo mude de lugar para que elas venham a tona.

Sair do armário nem sempre é uma missão fácil, em todos os aspectos de nossas vidas somos julgados pelo que somos, pelo que fazemos, pelo que não fazemos, ou seja, qualquer ação ou omissão está passível de ser julgada por terceiros. Me orgulho de ser o centro da minha própria vida, não vou ser hipócrita e dizer que não me importo com a opinião de ninguém, me importo sim, aprendi a ser mais cautelosa, é o que difere a patrícia da época do início da sexualidade, para a patrícia que sou hoje, tento elevar ao máximo o nível de discrição dos meus relacionamentos e do que vivo, é necessário que um pouco da intimidade seja preservada, me preservo da maneira que me faz bem, não tenho qualquer dúvida que seja sobre o que quero, o único mistério que carrego comigo é que, meus gostos e vontades mudam constantemente, talvez seja por isso que eu mantenha esse blog firme e forte há 4 anos, são essas histórias e pensamentos diferentes que me fazem evoluir.

Para todos aqueles que se encontram dentro do armário eu só digo uma coisa: Nem sempre o tempo é longo, muito pelo contrário, é curto, portanto quando sentir que seja necessário viver, vivam, opiniões diferentes todo mundo tem, e vergonha de verdade é se prender, encare, verão que fora do armário escuro existirá um colorido que embora não seja perfeito, será a garantia de que você estará vivendo de acordo com os seus próprios princípios, e não estes que são impostos.

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