segunda-feira, 18 de setembro de 2023

Curando as feridas

 Nós temos a ideia de que uma ferida de verdade é aquela do corpo, você cai no chão e se machuca, rala o joelho e existe o tempo de cicatrizar e ficar bem, e as feridas do seu "íntimo"? essas demoram a ser percebidas e cuidadas, na verdade a gente nasce e cresce com a ideia de que as doenças são unicamente físicas, mas esquecemos da principal: a mental, espiritual.

Tenho pensado bastante nisso: nas minhas dores, e na maneira que meu próprio corpo e mente sempre me bloquearam pra sentir, sempre tive orgulho de ser forte, mas eu era forte porque eu não pensava, nunca me permiti a esse autoconhecimento assustador, e digo mais, as feridas mais difíceis são as da infância, essas são marcas que geralmente aparecem mais na fase adulta: o medo, desprezo e a solidão se tornam ansiedade silenciosa.

De fato nos últimos anos mudei muito psicologicamente e fisicamente, tudo começou com um monte de pensamento e lembrança de " isso no meu passado foi errado", tantos detalhes que eu achava normais e não eram, na minha infância sempre tive uma solidão absurda, solidão de amigos, de presença em casa, um preconceito que comecei a sofrer desde os meus 8 anos, eu não sabia que tinha algo "errado" em mim, mas para o meu azar, meus colegas de escola já percebiam que eu não era igual as outras meninas, eu gostava de futebol, de roupas folgadas, então na escola eu sempre era excluída (na melhor hipótese), porque na pior hipótese eram os dias em que eu era agredida fisicamente e com xingamentos, e para piorar em casa o meu ambiente também não era o mais confortável, cresci num ambiente com 2 pais alcóolatras, com muita bebida e jogo, e minha mãe sempre quis me modificar, mudava minhas roupas, meu cabelo, eu nunca estava "bem" e dentro do padrão de filha que ela queria por não ser tão feminina desde tão pequenininha.

A infância e adolescência foram grandes causadoras de uma ansiedade não curada e nem sequer tratada, cresci com pouca autoestima, sempre vigiando o que eu dizia ou me comportava para não mais sofrer com a exclusão de antigamente, lembro que com as garotas que eu conheci eu pouco falava sobre mim, na época eu achava que era meu jeito, mas na verdade eu acredito que era a minha maneira de me proteger de comentários e desapontamentos diante do meu jeito de ser, e a real é que tudo que a gente cala demais, um dia a gente coloca para fora e explode.

O meu passado sempre sozinha em datas comemorativas como: aniversário, natal, e ano novo, me transformou numa pessoa de poucas comemorações, algo que eu nem percebia e só recentemente estou me descobrindo e entendendo tantos comportamentos, estou aprendendo a viver uma nova vida especialmente agora que casei, hoje em dia estou tentando quebrar esse tabu de não comemorada nada e dou valor para datas especiais, converso e me abro mais para buscar um entendimento e uma cura para todo mal que um dia já sofri, minha cura está surgindo primeiramente na minha mente, e sei que ela irá refletir em meu corpo como uma espécie de antídoto para um veneno, eu decidi lutar por um presente e futuro mais felizes do que o passado.

A você que sofre de ansiedade eu dou um conselho: se entenda com você mesmo, vire seu passado e a resposta estará lá, podemos mudar uma situação se ela for cutucada ao extremo, se machuque, saia da zona do conforto e entenderá a si mesmo, a cura da ansiedade estará dentro de você.

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