domingo, 5 de fevereiro de 2012
Imprevistos
Posso resumir esse início de ano em uma única palavra: Imprevisível . Eu nunca poderia imaginar a mudança radical que ele iria trazer, e não me refiro apenas as mudanças com as quais estou acostumada, e sim, de vida.
Eu não me considero uma pessoa mimada, fresca .. nunca fui. Sempre fui simples, e sempre gostei de coisas simples. Na verdade sempre levei um estilo de vida baseado em querer ser feliz, em viver momentos bons e únicos. O peso da responsabilidade chegou todo de uma vez, admito sem vergonha alguma que nunca precisei fazer nada, sempre tive todas as coisas que queria na minhas mãos.
A separação dos meus pais aconteceu, e isso não é tão imprevisível assim. Eu nunca pude enxergar que eles se amavam, nunca os vi se beijando ou dizendo que se amam. Na verdade as únicas palavras que eles sempre trocavam eram que eu era a única coisa que ainda os unia, como disse uma vez aqui mesmo no blog, ninguém era muito adepto a abraçar, ou demonstrar carinho. Nas horas onde o sangue dos três esquentavam, eu ficava muito magoada, não pela briga em si, mas sim porque bastava minha mãe se irritar com qualquer coisa que me julgava e falava da minha opção sexual. Me pergunto se ela imagina ou tem ideia do peso que era ouvir que ela preferia que eu não tivesse nascido.
Apesar de ter apenas 22 anos, eu passei por muitas coisas, eu já ouvi muitas coisas e só eu sei o quanto momentos assim é difícil. Meu pai nunca me julgou por eu ser assim, até porque ele tem outra filha que também é, então acabava sendo mais " normal " para ele, até porque eu não tinha amizade com ele, eu nunca sentei e falei da minha vida para nenhum dos dois. As coisas sempre foram bastante individuais. Atualmente ando passando por momentos que chegam a ser inacreditáveis, se me falassem há um tempo atrás que minha vida mudaria tanto, eu não iria acreditar. A separação deles me abalou de uma forma extrema, por fora sou a mesma durona de sempre, mas por dentro só eu sei o quanto é difícil isso tudo, porque sinto que perdi um pai ... afinal, desde o momento que ele saiu de casa perdemos o contato, ele não faz a mínima questão de falar comigo, de saber como estou.
É aquela velha história das pessoas conseguirem esquecer facilmente de mim, e quanto mais isso acontece comigo, mais eu fecho meu coração e meu orgulho ultrapassa todos os limites. É como se na minha cabeça surgisse um filme de todas as pessoas que me descartaram. E nessa explosão de sentimentos, eu me encontro magoada, e cada vez mais egoísta e fria.
O que falar sobre o peso da responsabilidade? Até poucos dias atrás, eu acordava e tinha tudo pronto, tudo ao meu alcance, e ainda assim eu reclamava da vida .. grande idiota eu era. Não tinha amadurecido no sentido mais importante de todos, que é o da responsabilidade. Antes bastava eu querer algo, e eu tinha. Hoje se eu quero algo, tenho que correr atrás, tenho que lutar e ter. Os primeiros dias trabalhando foram complicados, era uma mudança total de rotina, e eu só pensava que tudo poderia voltar ao normal .. nos primeiros dias ainda tive essa esperança .. até que umas 3 semanas passaram e eu vi que de fato as coisas seriam assim, e que agora tudo iria depender de mim, da minha vontade. E que vontade, pois confesso que é pesado acordar 7 horas da manhã e ainda ter aula a noite .. as vezes vou muito cansada para a faculdade, com a cabeça carregada de problemas.
Assim que os primeiros dias passaram eu fiquei mais forte, mas também muito frágil. Em alguns momentos eu do nada me pegava pensando em algumas coisas e chorava, perdi as contas de quantas vezes minha mãe me abraçou e me disse que isso tudo iria passar. Ela tem sido minha força em momentos que eu tenho que realmente ser forte. Minha maior decepção é saber que de certa forma eu perdi meu pai, aquela imagem que eu tinha de alguém que iria me proteger sumiu completamente e deu lugar a outra totalmente diferente. Tendo em vista que ao ir embora, ele fez questão de me excluir de tudo, e o pior, sem eu nem ter ideia .. foi um plano muito cruel e mesquinho dele, e ai pude observar de quem ganhei esse lado manipulador e frio que as vezes eu tenho.
Eu não me arrisco a dar um palpite do que irá me acontecer. A única coisa que sei é que, coragem não me falta. Se for preciso trabalho 24 horas, mas não irei desistir daquilo que quero, muito pelo contrário. Chegou a hora de me jogar completamente na vida e crescer em todos os aspectos.
Dizem que todos nós temos um lado ruim, e acredito nisso. Posso dizer que por dentro, eu nunca estive tão seca assim. Eu conto nos dedos as pessoas com as quais me preocupo e tenho carinho. Com as outras e grande maioria, eu não passo de uma farsa, daquelas que seduz e depois dá o bote, e o prazer é ainda maior quando faço isso com alguém que merece.
A vida é feita de imprevistos, e a resposta que temos ao viver momentos ruins, é apenas uma: Estamos vivos
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