quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Coisas que o tempo leva e traz






Minha cor preferida é o preto, prefiro tudo aquilo que é escuro, que não enxergo completamente. Muitas cores me deixam cega, principalmente o claro, pois tudo que é claro é incerto. Troquei o barulho de vozes, de músicas, pelo barulho do silêncio, e confesso, tenho gostado muito da troca, pois agora sou só eu e meus pensamentos. Meus olhos de tanto já ver de tudo, não se surpreende com mais nada, meus ouvidos de tanto escutarem de tudo, já cansaram .. o velho ditado de " entrar num ouvido e sair pelo outro " cabe perfeitamente agora. Posso resumir tudo em falta de interesse.

Ultimamente ando muito cansada, eu diria que até mais fisicamente do que em outro aspecto. Sinto que estou mudando muito, apesar da minha vida continuar sendo a mesma, é estranho observar passivamente tudo a minha volta, porém nunca estive tão presa em ideais quanto agora. Estou seguindo a risca tudo que planejei para mim .. óbvio que minha vida não é planejada, eu planejo apenas os primeiros passos, e deixo que a vida me faça caminhar naturalmente os outros.

Na verdade, ando muito pensativa há um certo tempo .. tantas coisas aconteceram no finalzinho de 2011, e sei que mesmo que eu quisesse não poderia fazer um resumo decente agora, eu só sei que por alguns dias eu desejei muito ficar em um lugar, deitar na areia e não fazer mais nada .. Por alguns dias eu vivi coisas que sonhei por muito tempo, mas que só aconteceram quando eu não era mais aquela que sonhava, mas nada que tenha tirado o fato de ter sido marcante reencontrar.

Percebi na prática que na teoria a minha vida é repleta de encontros, desencontros, gente indo embora, gente chegando, gente que não vai mas também não fica .. e no meio disso tudo sempre estive lá, sempre fiquei apenas parada observando isso tudo, mas tendo quase as mesmas vontades. Internamente eu nunca fui de mudar muito .. Tudo que é sincero custa muito a ir embora, e quando vai, apostem que tem um bom motivo por trás disso.

A vida foi e está seguindo seu caminho normal, mas a cada dia que passa sinto que um sentimento de solidão vai aumentando dentro de mim. Uma solidão diferente desse esteriótipo de alguém só e sofrendo .. e sim uma solidão verdadeira, sem sofrimentos, sem saudades, e sim sem sentir nada. Dentro de mim existe um bloqueio tão grande, e com tantas coisas .. as vezes o meu pensamento se divide, mas o meu bloqueio no fim das contas sempre fala mais alto.

A partir do momento que crescemos, sempre deixamos algo para trás. A vida sempre requer que você ao dar um passo para frente, deixe algo seu para trás, e sempre será assim, faz parte do processo e sem isso corremos o risco de ficarmos sempre parados, com o mesmo pensamento, com os mesmos gostos, sem nunca ousar ou se arriscar a qualquer mudança. Ainda que seja arriscado andar, eu prefiro andar, sou fascinada por seguir em frente, por ter expectativas do que virá .. E por um lado, essa grande atitude que tenho agora me ajudou muito, pois faço o que tenho vontade e vou atrás daquilo tudo que quero ou que acho que vale a pena. Mas por outro lado é difícil que exista esse " meu querer ", tendo em vista que muitas ou todas as coisas que me fascinavam, hoje não fascinam mais, perderam a graça. É como se antes eu fosse uma criança que gostasse de ler histórias infantis, mas que crescesse e deixasse aqueles livros de lado, buscando algo novo.

Levo essa fase da maneira mais leve que posso ser .. Hoje em dia é difícil obter minha atenção, quem dirá outro tipo de sentimento, seja bom ou ruim. Nada em mim está disponível, simplesmente porque não tenho nada a oferecer. Eu sou só mais uma pessoa que entre tantas ficaram mais frias ao longo do tempo, mesmo que muitas pessoas julguem isso. Eu não me importo com julgamentos, eles só partem de pessoas que não nos conhecem de verdade, pois quem conhece fica ao nosso lado sempre, e respeita, afinal, em característica todos nós somos diferentes.

É 2012 está só começando, e sinto que ele será diferente de todos os anos anteriores. E como posso afirmar isso? É simples, eu estou diferente. Mudo até o caminho da calçada, para não ir sempre pelo mesmo local, vou a lugares diferentes, só para não me acostumar a estar sempre no mesmo. Não gosto de rotina, ela me sufoca, e não gosto de ficar parada, pois meus pés foram feitos para andar, e ando para frente sempre. Não busco restos do que já fui, caminho e construo algo novo, onde meu rádio está desligado, minha boca está fechada e verdades não existem.

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